Até que o sol brilhe, acendamos uma vela na escuridão.
segunda-feira, 25 de agosto de 2008
quinta-feira, 21 de agosto de 2008
A eleita do meu jardim:
Rosa perfumada
A rosa perfumada
Dona da mais doce juventude
É a semente germinada,
O florescer da inquietude.
Pedúnculo esbelto
Nesse corpo de flor,
És pecado a descoberto
Em busca de um salvador.
O aroma que emana
É quente e provocador,
Pois em seu seio
Mora o Homem que engana
A rosa perfumada
Dona da mais doce juventude
É a semente germinada,
O florescer da inquietude.
Pedúnculo esbelto
Nesse corpo de flor,
És pecado a descoberto
Em busca de um salvador.
O aroma que emana
É quente e provocador,
Pois em seu seio
Mora o Homem que engana
E atraiçoa, sem qualquer pudor.
domingo, 17 de agosto de 2008
Entrevista ao Jornal Terras da Feira
Cultura Lúcia Valente, de S. João de Ver, edita segundo livro
“Um voo pelo mundo dos coloridos pomares da poesia”
"Inspirei-me no estado de decadência do País, sob os pontos de vista económico, social e político".
"O meu sangue é de tinta permanente, cada vez mais diluída, resta-me deixá-la escorrer para o papel e moldá-la com a ponta dos dedos".
Depois de “Amor no feminino” surge “Um sentir partilhado”. Lúcia Valente, natural de S. João de Ver, a residir no Porto, já lançou a sua segunda obra literária. Um livro que, explica, nasce da “necessidade de patentear o comodismo inquebrantável de um povo”. Uma viagem literária escrita a pensar no cidadão português. A autora tinha 16 anos quando a poesia “se transformou num ritual quase diário”.
Leia a entrevista na edição impressa do "Terras da Feira"
Mais informação: http://www.terrasdafeira.pt/
segunda-feira, 11 de agosto de 2008
A criança de outrora:
O despertar da sensibilidade
Negaria toda a minha existência até aos dias de hoje, se eu própria não reconhecesse que todas essas interrogações já percorreram o meu interior.
Tal como toda e qualquer criança fui gerada no ventre de uma mãe; nasci na altura devida e brincava, pulava e saltava (...), momentos de infância nos quais não reside sequer um ínfimo espaço para termos um momento, ainda que fugaz, que nos remeta àquilo que mais tarde serão as nossas preocupações. Mas ainda bem que assim é.
Cada momento tem o seu momento próprio!
De nada serve tentar olhar os ponteiros do relógio e com os nossos dedos dedilhá-los, ora para um lado, ora para o outro na esperança de que o tempo pare ou avance, simplesmente porque é uma vontade nossa. Pois o tempo tem o seu próprio correr e, tal como um rio percorre um trilho constante, também ele tem um rumo certo e constante. Os ponteiros de um relógio giram todos no mesmo sentido; o tempo é universal!
Como criança irrequieta e teimosa que fui, criava e construía profissões imaginárias e, no momento seguinte, lá estava eu sentada diante do meu consultório a atender os meus pacientes; pagava naquelas pequenas meninas a que chamamos bonecas e costurava eu própria as suas roupas; diante de uma mesa dispunha inúmeros lápis coloridos e canetas e aí sim, deixava o meu imaginário flutuar num céu ainda em aberto...
Nessa altura talvez os lápis fossem somente um instrumento didáctico ou até mesmo um simples brinquedo. Contudo, ano após ano, os lápis e as canetas eram cada vez mais frequentemente procurados e agarrados pelas minhas pequenas mãos!
A Lúcia, essa menina pequenina que eu era fazia desenhos muito estranhos (a idade não ajudava muito) e escrevia cartas a amigos distantes, tão distantes que nem endereço postal possuíam! Mas fazia-o cada vez com mais frequência!
A entrada na escola foi um marco muito importante na definição dos meus ideais como aliás o deve ser actualmente para qualquer outra criança.
Foi nesse preciso momento que eu comecei a conhecer-me melhor; a perceber os desenhos que fazia e até mesmo a descobrir o endereço daqueles a quem dirigia as minhas cartas.
Vivia um dia após o outro evidentemente, mas começava a surgir uma necessidade cada vez mais forte de comunicar de forma clara e concisa. Claro está que dada a idade que tinha, todos aqueles que me rodeavam achavam que eu pensava em demasia, que deveria limitar-me às brincadeiras adequadas às meninas da minha faixa etária. E brincava, mas sentia um vácuo no meu intrínseco; a vontade intensa de procurar e descobrir o verdadeiro conhecimento: o porquê de tudo e de mais alguma coisa. Assim comecei a busca do auto-conhecimento e sentia-me mais preenchida!
A essência da sensibilidade brotava do meu interior e os meus sentidos assemelhavam-se a uma bússola, tacteavam cada pedaço de solo e quando não o pisavam de forma firme e constante, procuravam a direcção correcta para avançar!
quarta-feira, 6 de agosto de 2008
Pinceladas de um acizentado indefinido?!
O céu é hoje o reflexo de múltiplas pinceladas bastante indefinidas. Num minuto se deixa percorrer por um pincel munido de um cinzento escuro, para no minuto seguinte deixar que outro pincel o percorra, alterando assim a sua textura e dando-lhe um aspecto de pintura de principiante. Não deixa de ser belo, nem tão pouco de ser objecto de adolação, apenas me transmite o seu ar taciturno, e é assim que me perco a vaguear pelas ruas.
Na algibeira, um frasco de tinta azul celeste para o pintar de novo parece tranquilizar-me. Todavia, não me posso esquecer que todo o Ser tem várias expressões faciais e nem todas são subitamente perecíveis de alteração. Este rosto que hoje mascára o céu é o reflexo de múltiplas influências, por isso o olho sem parar na esperança de as conseguir desmistificar... Sem bússola, absorvo os inatos odores e sabores da natureza. São estas as coordenadas que me apraz revelar, a todo o viajante amador que nesta incursão se queira iniciar!
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