domingo, 30 de novembro de 2008

Bela adormecida

Adormeceu num leito desconhecido
Ante um tropel de emoções
Que ainda não consegue descrever.
Nessa noite, foi como se o Mundo
Tivesse enlouquecido
Esquecendo a condição de todo o Ser.
Paisagem de desalento
A que se afigurou antes de cerrar o seu olhar:
Um calafrio percorreu o seu corpo;
Os seus sentidos ficaram entorpecidos;
As suas palavras, essas, não foram comedidas,
Mas elevaram uma voz há muito calada...
Aí surgiu o caos!?
A multidão aplaudiu em uníssono
Aquela que viria a ser a última aparição
Da poesia em seu livre arbítrio.
Noite gelada por palavras que não esqueço;
Julgamentos que não mereço
E que não mais esquecerei.
O acto livre de me expressar
Foi tão somente o que usei,
Deverá ser caracterizado
Como uma arma carregada
Que, indignada, disparei?
Não! A menos que a deturpação
Da realidade seja um argumento.
Não regresso ao passado.
Vivo o presente.
Sonho um futuro, diferente.
Mas ela, a musa dos meus sentidos,
Rendeu-se ao cansaço.
Refugiou-se num tempo mitológico,
Em que o reino da sabedoria
Estava mais perto de evoluir.
Hoje, ela é a bela adormecida,
Que despertará num momento indeterminado.
O corpo da minha poesia está ferido, minado
Por um exército de hipocrisia.
Aguarda o beijo sereno
De um mágico chamado tempo,
Pois só então saberá

Que chegara de novo o seu momento.

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