domingo, 29 de junho de 2008

Tic Tac

É marcado pelo "tic tac" do relógio este momento que vivencio. Ouço assim o burburinho dos ponteiros, que embora emitindo o seu som característico, marcam sempre o mesmo compasso... um compasso de espera. E é neste impasse, em que não sobem nem descem, apenas subsistem, que dou por mim a divagar. Mente fugidía a minha, rodopia sem parar! Em raros momentos de abstracção inspiro e expiro suavemente, na esperança absorta de que renasça em mim uma vida nova; uma pequena grande recompensa pela sôfrega respiração que me acompanha sempre, pois estou já cansada de tanto lutar. Por fim, ergo um pouco a cabeça e, sentindo-me mais leve, peço apenas coragem e determinação para permanecer nesta luta diária. Apenas e só, porque acredito que nada acontece por acaso.

Assim foi;
assim o é;
assim sempre será...
Do hoje se constrói o alicerce
do tão desejado amanhã.

terça-feira, 24 de junho de 2008

Espelho meu!



Jogo de xadrez

Por cada porta que se abre diante de mim,
Duas se fecham e me deixam encurralada!
Sou assim um peão à deriva
Num complexo jogo de xadrez,
Que me torna numa eterna amaldiçoada.
Grão de areia em mão alheia
Gira e volta a girar...
Vã vontade de sossegar!?
Tabuleiro a preto e branco,
Ah, aguda saudade da cor;
Dos verdes prados bravios
Onde corria como animal selvagem
Sem que minhas rédeas pudessem tomar.
Hoje, domada pela constância da derrota,
Sinto medo do meu estrondoso gritar,
Porque um qualquer dia
Numa qualquer hora,
Abrir-se-ão fendas no tabuleiro:
Peça a peça caindo num atoleiro;
Busto de uma vitória atingido
Por uma falsa partida...

Saio de cena
Deste palco da vida.
Parto sem destino nem hora,
Apenas vou embora.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Sempre assim foi...

"Acreditar em tudo é tolice, mas não acreditar em coisa alguma tolice é."

domingo, 15 de junho de 2008

Palavras doces como o mel...


O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis.


Fernando Pessoa

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Talvez?!

Mais um dia numa vida repleta de altos e baixos. Vida minha, vida de tantas outras pessoas que se erguem pela manhã sem saber o que lhes reserva o decorrer do dia. Entendo assim o lema daqueles que vivem cada dia como se do último se tratasse.
É a par desta corrida de pensamentos, que surge o sonho de ascender a esse plano; de também eu viver o dia de hoje como se não houvesse amanhã. Alcanço-o em fugazer momentos, até que me acorda o desespero de tanto lutar para nada, por fim, alcançar!
Sei de cor os livros que escrevi; a essência que contém cada palavra; a força ideológica, que através de expressões de alento, tento incutir no comum cidadão e é assim, no conjunto dos meus versos e poemas, que demonstro a força que cada um de nós deve fazer (re)nascer no seu intrínseco.
Sinto o orgulho correr-me nas veias quando o leitor se revê naquilo que escrevo. Mas sinto mais ainda o desapontamento, por tentar agir com essa força motriz que proclamo aos quatro ventos, sem que o meu ego me obedeça! As lágrimas percorrem-me como um rio em busca de um afluente incerto, tão somente para desaguar. Sinto-me afogar na corrente das suas águas, pois eis-me aqui, incapaz de lutar contra a adversidade das barreiras erigidas no tempo de hoje.
Talvez agora eu deva olhar para o amanhã, acreditar que será um dia rejuvenescido! Talvez o destino do meu pensamento vá além de mim, do meu próprio controlo emocional! Talvez eu não seja a única a remar neste mar de incertezas! Talvez eu seja o olhar atento na penumbra de um rochedo, que tenho que derrubar!?

terça-feira, 3 de junho de 2008

Na partilha de um momento...


Há dias em que olho sem rumo aparente e deixo de pensar em mim. Deixo-me absorver totalmente pelo mundo em meu redor... vejo tudo e nada vejo. Quem me dera discernir este estado de ausência e presença tumultuoso! Mas receio tratar-se apenas de uma quimera, porque não está em minhas mãos moldar a vida dos que me são queridos. Talvez possa (deva) acrescentar alguns "pózinhos mágicos" para lhes dar mais força e coragem, contudo, até nesse instante me vejo submetida à minha condição de comum mortal.

Em Deus, esse Ser omnipresente e omnipotente está o código da humanidade. Não interessa a forma com que ele ganha vida para cada um de nós, pois é o reflexo puro das nossas alegrias, tristezas; certezas, incertezas; amores e desamores (...) de uma infinidade de sentimentos que nos invade o Ego dia após dia. Sinal de que estamos vivos, é este sentir nem sempre confortável!

Assim, peço que se acenda uma luz no fundo do túnel de todos quantos carecem dela! Que a chama do viver intensamente possa assim para sempre, ser reavivada!


domingo, 1 de junho de 2008

Dia Mundial da Criança

Tal como árvores que dão rebentos com o tempo, também o Ser Humano tem esse dom - o fazer nascer em si um pequeno fragmento, um jovem Ser Humano - esta é uma das dádivas divinas que Deus nos concede!
No dia de hoje a "pequenada" é a raínha da festa, de norte a sul do Mundo comemora-se o Dia Mundial da Criança, que é no fundo um louvor aos seus direitos e deveres (deveriam estes ser sempre perpetuados e respeitados, mas será que o são?!)
Não querendo anular o lado festivo deste dia, apenas desejo que a criança veja os seus direitos respeitados pela sociedade e saiba reconhecer os seus deveres para com ela.

Deixo aqui um repto reflexo da minha indignação, e simultâneamente da minha espera de mudança:


InOcÊnCiA fUrTaDa

Inocentes crianças
As que foram levadas,
Raptadas pelo mundo do crime
Que as maltrata e oprime.
Aí descobriram as suas semelhanças,
Uma vez que foram todas abusadas
Em nome do prazer
Daquele homem que quer reter
No seu ego
A insípida vontade de perverter,
Qualquer cabecinha desprotegida
Que não se possa defender!

Num envelope lacrado,
As assinaturas anónimas dos autores
Que foram chamados a depor
Pelo poder judicial.
Presentes a tribunal
Foi-lhes atribuída a coacção
De prisão preventiva,
Mas não é efectiva
Essa decisão.

Os media fazem a divulgação
Pormenorizada dos acontecimentos,
Procurando decifrar
Os servos do diabo,
Mas, ao fim e ao cabo
Há sempre nomes a acrescentar
Provenientes de vários cargos
Com a intenção de furtar
A pura inocência.
Dias amargos irão passar,
Implorando clemência
À justiça que os vai condenar
Ao ler sua sentença!

Os ponteiros do relógio
Estão em espera prolongada,
O que não é lógico
Tendo em conta uma criança apavorada
Que revive a acção premeditada
Inúmeras vezes, no seu inconsciente.

A justiça será competente
Quando fizer cumprir
O direito de agir
No menor tempo possível,
Para que seja reconhecível
A ordem de punir!

Na mente da inocência
Vê-se o mesmo filme com frequência:
A justiça é tardia
E espera-se o dia
Em que assumirá a sua competência.
em "Um Sentir Partilhado", Lúcia Valente