domingo, 2 de setembro de 2007

Brega & Chique


No decorrer da minha leitura do livro intitulado “Solidão Povoada” de Carlos Castro, fui viajando com ele por terras num dantes avistadas e, até então, desconhecidas para mim. Carlos Castro faz uma descrição pormenorizada das inúmeras viagens que fez à volta do mundo e partilha connosco nomes sonantes daquilo a que habitualmente se chama de jet set nacional.
Tocou-me sobretudo uma página em que escreve algo de extrema importância que passo a citar:
“... espanta-me a tal “hipocrisia de sacristia” que é comum na sociedade portuguesa, quando pais e filhos se batem, matam-se mesmo, por uma moral que se pretende institucionalizada e nós sabemos que não existe, na maior parte das vezes porque há gente que usa e abusa e tira proveito, da vida fácil.
Por isso, fui sempre a voz discordante. Quando cada um diz de sua justiça negando “ser isto ou aquilo” como se isso interessasse alguma vez. Cada um é como cada qual e a ninguém interessa. Desde que não prejudique os outros. Ou que estes que são vida de facto um pouco de tudo, não se engalfinhem nem chateiem a vida dos que não escondem absolutamente nada. Vivem apenas as suas vidas.
É o chamado nojo que sinto sempre pelos predadores homossexuais deste país. Que não saíram nunca do “tal armário”, mas fazem uso e abuso das suas taras e manias, por esse mundo fora, como se neste mundo ainda houvesse segredos absolutos. Já não há segredos!”

Como homossexual assumido que é e, sem papas na língua, grita aos quatro ventos e clama por uma sociedade mais justa que não censure aquilo que ela própria faz, embora o faça “dentro do armário”, às escondidas, portanto.
Para aqueles que vêem o jet set como um exemplo a seguir, chegando a idealizar o mesmo estilo de vida para si, Carlos Castro deixa um recado directo e objectivo; esta parcela idolatrada da sociedade em nada é superior ao povo, em geral. Toda e qualquer pessoa tem bons e maus momentos na vida; chora e ri em determinadas alturas e, ninguém é mais que ninguém; apenas se poderão querer fazer passar por alguém que não são e que gostariam de ser.
O autor frisa claramente que o verdadeiro jet set nacional é muito limitado; são poucos os que lhe pertencem porque, segundo o próprio, pertencer a esse meio é fugir das câmaras; das máquinas fotográficas e não implorar para ser capa de revista/ jornal; é viver no seu mundo, dando o seu contributo na devida altura, pela causa certa.
Gostei imenso da abordagem objectiva e directa de Carlos Castro. Admiro-o!

A minha crítica prende-se somente ao aspecto ortográfico de cada página: há vários erros ortográficos e uma escrita demasiado pausada, que deixa o leitor quase a “soluçar” enquanto lê, devido ao uso excessivo do ponto final, ao invés da vírgula, o que implica, obviamente, uma pausa mais prolongada. Contudo, esta é a minha modesta opinião... A opinião de uma novata por estas andanças!

2 comentários:

Anónimo disse...

Não tive ainda a oportunidade para ler a "Obra" desse grande senhor Carlos Castro.

Hipocrisia, indiferença, injustiça, precariedade, interesse, vaidade...entre outros, sao invirtudes das quais esse senhor faz questao de não contemplar na sua vida e forma de estar.

A escrita criativa é simples e objectiva, daí necessitar de mais pontos finais. Eles sintetizam e enfatizam as ideias principais. Quando escrevemos, se recorrermos apenas à nossa amiga vírgula,a leitura torna-se mais enfadonha e acabamos por perder o sentido do texto.

O "Jet Set" ou oito..como mais desejarem, passa de moda rápidamente, alimenta a mente do zé Povinho, ilude, faz o porteguezito sonhar um pouco.

Eu sempre.........:)

Anónimo disse...

Li o livro. E gostei. Li porque houve na net quem atacasse o homem que se assume. Que faz durante anos a fio a Gala Abraço sem receber um tusto. Tem sido uma voz discordante. É verdade. Nem sempre concordo. Mas depois de ler "Solidão Povoada" fiquei a gostar mais ainda deste senhor. Parabéns. E gostei da escrita aqui no BLOG.