segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Visita inesperada


Em cada passo que dou
Avança o receio e a inquietude
De quem não sabe porque sua vida
Tão de repente mudou?!
Margem de manobra, atitude;
Incertezas de um beco sem saída
Que ao que parece se bloqueou!

Quando tudo girava
Na perfeita perfeição,
Eu, tornada borboleta, voava...
Ninguém me alcançava,
Não me agarrava nenhuma mão!

Até que um dia,
No despertar matinal,
Senti que algo me feria;
Todo o meu corpo doía
Numa escala gradual.

Escala essa crescente
Aumentando o meu sofrer
Sem que eu me pudesse aperceber,
Se estaria doente,
Ou apenas a enfraquecer!?

Implorei à dor
Que se afastasse.
Invoquei um Deus
Que é paz e amor,
Suplicando-lhe que me ajudasse
A dizer um adeus
A tão forte dor.

Mas Deus é um só;
O ouvinte atento
De toda a humanidade,
Esvoaça no céu como pó;
Ergue-se das cinzas
E perpetua-se na eternidade!

Assim o meu Eu
É um grão de areia
No meio do deserto;
O sofrimento é meu,
E dói, é certo;
Contudo, há um mundo
Que reflecte doenças infernais...
Estado de decadência moribundo
Afectando todos os mortais!

Sou só mais um mortal
A carregar a enfermidade
Sobre as suas costas cansadas.
Oro a Deus misericordioso
Para que a dor me ataque com suavidade;
Para que suas mãos abençoadas,
Me toquem com a energia vital
Capaz de suportar o meu karma
De tão grande voracidade!

Sou filha da juventude,
Embora a minha carne
Seja o reflexo da decadência!
A maturidade é uma virtude
Quando não nos extingue a sobrevivência.

Neste agora de hoje,
Sou a portadora da amargura
De uma dor que não foge,
Que, pelo contrário,
No tempo perdura...
Período estacionário, refractário,
Ânsia imediata de uma cura!

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