quarta-feira, 20 de junho de 2007

Quando a saudade bate à porta, eu deixo-a entrar!


Homenagem

Chove lá fora, o tempo parece ser o espelho da minha alma; tem altos e baixos como eu e chora, chora muito, como eu choro neste momento.
Às vezes olho-o e pergunto-lhe porque ninguém nos entende, nem a ele nem a mim. Mas, gostava de ser como ele, de ter múltiplas facetas, já que agora, só tenho uma de tristeza que ninguém reconhece e ninguém acaricia.
Talvez tu, meu avô, me percebas e faças cintilar a luz que te ilumina para me dizer que estás comigo e sempre estarás. Não posso escolher o meu destino, nem mesmo a forma como o vivo, estou simplesmente à mercê de um sofrimento que não divido com ninguém. Ouço música, quando o silêncio me quer falar; vejo-me no silêncio quando quero escutar algo mas... sobrevivo, afinal, Valente sempre foi o apelido da nossa família e a alcunha também.
Quando dormias naquela caixa horrenda, coberta por uma rede resplandecente, beijei a tua testa como quem abençoa um bebé antes de ele ir dormir; por isso, onde quer que estejas que Deus te embale na plenitude do céu e te acaricie eternamente, porque, mesmo como seres errantes que somos, merecemos o carinho e o amor eternos!

1 comentário:

Anónimo disse...

Ao longo do texto, saboreei diferentes sensaçoes de prazer... Que sinfonia de palavras, que balada de amor, ternura e compaixão. Avivei a saudade que sinto de minha avó, dos momentos partilhados em seu regaço... aqueles que serão, até à eternidade, apenas nossos.
O tempo oscila tal como as nossas emoçoes. Ambos variam na forma, na quantidade e no peso... e, de tao distintos que são, quase se fundem num diagnóstico único. Quando um nasce triste, o outro mantêm-nos à sua mercê... quando o dia nasce, erradiante de luz e calor... esboça-se em nós um sorriso do tamanho do Mundo.

A saudade é uma dor que, calmamente, corroi a nossa alma... invade-nos o peito, mesmo sem forma, cor ou textura. Quero argarrá-la para que nao mais me abraçe... mas na sua intangibilidade, consigo apenas, ausentar-me por um pouco.
Só sentimos saudade de quem,na realidade, nos amou de verdade.

Beijos... :)
Pimpinha.