sexta-feira, 27 de julho de 2007

Uma sede muito selectiva!

Sentir sede e beber-te


O calor é uma constante
Nas noites de Verão .
Sinto que estou ofegante
E é incontrolável a minha respiração .

Há uma leve brisa
Que paira no ar ,
Sinto bater meu coração
Pois tenho sede de te amar !

É uma sede que me afaga
E me leva á loucura ,
Que soa como uma praga ...
Vai e vem , em qualquer altura .

Apelo aos sentidos ,
Navegantes do amor ,
Mas , também eles perdidos
Tacteiam tudo em seu redor .

O que os sentidos sentem
Só Deus o poderá dizer ,
Contudo , teus olhos não mentem
E aliciam minha vontade de beber .

Irei beber áquela fonte ,
Doce água lhe dá vida ...
Erigida sobre um monte ,
Nobre senhora ali despida !

E hei-la !
Límpida , fresca e salutar
É esta a água que ao beber-te
Me deleito a beijar !

2 comentários:

Anónimo disse...

"Uma sede demasiado selectiva, contudo verdadeira"...
Quem me dera ser a fonte dessa sede... a água elixir da tua vida.
Tactear teus segredos, teu corpo desnudo, tua boca perdida...
Oferece-me uma bussula, ensina-me o caminho até ti.
Da tua boca brotam palavras límpidas tal como a água que nos mata a sede.
Palavras lindas e intensas. Com sentido e coerencia. Com muita criatividade e intensão. Elas nao mentem... deixam, apenas, transparecer palavras de verdade e amor.

E hei-la....fonte de vida!
Eu sempre....:)

Anónimo disse...

ei-la ou hei-la?

A palavra eis é tradicionalmente classificada como um advérbio e parece ser o único caso, em português, de uma forma não verbal que se liga por hífen aos clíticos. Como termina em -s, quando se lhe segue o clítico o ou as flexões a, os e as, este apresenta a forma -lo, -la, -los, -las, com consequente supressão de -s (ei-lo, ei-la, ei-los, ei-las).
A forma hei-la poderia corresponder à flexão da segunda pessoa do plural do verbo haver no presente do indicativo (ex. vós heis uma propriedade > vós hei-la), mas esta forma, a par da forma hemos, já é desusada no português contemporâneo, sendo usadas, respectivamente, as formas haveis e havemos. Vestígios destas formas estão presentes na formação do futuro do indicativo (ex. nós ofereceremos, vós oferecereis, nós oferecê-la-emos, vós oferecê-la-eis; sobre este assunto, poderá consultar a resposta mesóclise).
Pelo que acima foi dito, e apesar de a forma heis poder estar na origem da forma eis (o que pode explicar o facto de o clítico se ligar por hífen a uma forma não verbal e de ter um comportamento que se aproxima do de uma forma verbal), a grafia hei-la não pode ser considerada regular no português contemporâneo, pelo que o seu uso é desaconselhado.

Por Helena Figueira em 3/7/2007